segunda-feira, 22 de maio de 2017

Maio 2017 - Mochila, Rock, Malbec e Artesanais


Todas as bodegas levam a Mendoza

Lá embaixo, nos posts mais antigos, estão as narrativas de minhas viagens anteriores à Argentina. Já fui só, em casal, em três e agora, maio de 2017, resolvi retornar novamente só, numa viagem de dez dias cujos detalhes passo a expor aos amigos.

Detalhe: sempre reserve seus hoteis pelo link do Booking.com, com direito a recompensa de R$ 50,00 para mim e para o amigo. Esta é uma recompensa conhecida para usuários frequentes do site e funciona de fato.

Era uma vez um outono bonairense

O plano era de três dias em Buenos Aires, 3 dias em Mendoza e outros três em Santiago, de onde retornaria para Goiânia via GRU. Pensei em encaixar Rosário e Santa Fé no roteiro, cidades que ainda não conheço, mas o tempo exíguo e a verba idem foram fatores que me dissuadiram desta ótima ideia. Next time, jovens!

Librería El Ateneo, Avenida Santa Fé, Bsas

Saí de Goiânia para GRU no dia 26/04 às 7h e, já em São Paulo, embarquei em vôo para Ezeiza às 11h. Avião cheio, mas não lotado, brindou-me com a poltrona do meio desocupada, o que desencadeou uma viagem bastante tranquila, patrocinada pela nossa colega dona GOL. Providências em Ezeiza: trocar moeda, comprar um chip local para o celular e buscar o ônibus da prestativa Tienda León que me levaria ao Centro da cidade.

Berlina Serrano

A cotação do banco foi a melhor da viagem, então continua válida a dica mais recente: troque sua moeda no próprio aeroporto, ainda que você pegue alguma fila (o que ocorreu comigo - 1/2 hora). A cotação foi de cinco pesos por real. Pelo que li, vale também para o Aeroparque. Quanto ao chip, só encontrei planos mais caros e complexos na área de desembarque, então a solução (melhor) foi comprar um chip avulso num quiosque de rua, fazer a carga e economizar. O chip da Movistar funcionou bem. Por fim, o ônibus da Tienda León sentido Ezeiza-Terminal Madero custou em torno de 220 pesos. É a opção de custo médio - acessível e confortável, ainda que fosse necessário completar o trajeto até o hotel em Palermo num táxi. Se você estiver com o orçamento apertado e uma mochila pequena, dá para encarar um ônibus urbano e suas 372 paradas pelo caminho.

Azul

Escolhi a região de Palermo por algumas razões, dentre as quais o fato de ser a região mais bonita da cidade e de possuir uma infinidade de restaurantes, bares e pubs que proporcionam liberdade e opções ao pedestre noturno, com segurança. Buenos Aires ainda é uma cidade incrível para se fazer tudo, tudo a pé.

Plátanos

Desta vez escolhi o hostel Art Factory Soho na esperança de conseguir conexões sociais com mais facilidade em razão de minha solidão de viajante. Não foi o que tive. Trata-se de um hostel com alma de hotel, com conforto limitado e uma certa aura hipster. Os atendentes foram impecáveis, jovens e atenciosos, em estilos tão díspares quanto um roqueiro cabeludo estilo 1973 e um menino bastante entusiasmado com seu visual feminino, e meu quarto era limpo e espaçoso, mas o custo-benefício foi apenas razoável. A localização era boa, ainda que não exatamente no centro nervoso da noite palermina. Para tal, recomendo o Hotel Blue Soho. De qualquer forma, uma distância de até cinco quadras da Plaza Arménia e da Plazoleta Julio Cortázar é o ideal e as opções são incontáveis.

Clos de Chacras, Mendoza

Não vou perder tempo te contando quais as principais atrações de Buenos Aires, o que você vai encontrar em milhares de sites e blogs; então, vamos ao que interessa: os lugares bacanas para o apreciador de cervejas artesanais e de música, especialmente pequenos shows de música alternativa.

Believe, pub em Mendoza

Conheci excelentes cervejarias em Buenos Aires, as quais proliferam com a mesma velocidade do que ocorre nas grandes cidades brasileiras. Recomendo duas em Palermo. Fui muito bem recebido no balcão da Berlina Serrano, produtora de poucos e ótimos estilos. A casa tem atmosfera despojada e opções de comida, com um público mais alternativo, tatuagens, barbas, piercings e garotas com olhar entediado. Gostei mais da Cerveceria Valk: uma carta cervejeira bem maior, preços honestos, um ambiente mais abrangente, garotas de olhar menos sofrido diante da existência, várias opções de comida e excelente música (ouvi bastante britpop).

Mendoza aguarda

Conheço o Temple Bar de anos anteriores. Desta vez não entrei porque estava lotado todos os dias e a aura era de público menos exigente, mas mantenho a opinião do post abaixo de que é uma boa casa. O pub irlandês Sullivan continua ali, em pé, quase cravado no ano de 1912 como todo pub irlandês deve ser. A nota de pesar ficou por conta do meu querido Cruzat, então localizado no Centro da cidade, que fechou e me obrigou a conhecer novos amores de cevada pelas ruas desta incrível metrópole.

Clos de Chacras, Mendoza

Outro lugar escondido e charmoso chama-se Multiespaço Korova, próximo ao meu hotel na Calle Paraguay. Trata-se de uma mistura de bar, palco e galeria de arte que começa a ser bastante comum na noite tupiniquim. Passei horas agradáveis neste pequeno local alternativo com espírito underground assistindo a cinco pequenos shows de artistas locais, de uma pequena garota e seu violão a uma furiosa banda pós-punk com integrantes cinquentões. Sensacional! Boa cerveja, alguma comida e gente bem interessante. Travei boas interações com bonairenses pouco convencionais.

Buenos Aires e parques: uma relação harmoniosa

Durante o dia, FAÇA os passeios com a empresa FREE WALKS. São passeios em tese gratuitos, com guias locais, que recomendam uma gorjeta ao final. A gorjeta vale cada gota de suor que você gastou para trazê-la à Argentina. Fiz o passeio que inicia todo dias às 15h na frente do Congresso Nacional e chega até a Casa Rosada, com a incrível e sexy guia Andy. Mesmo para mim, relativamente experiente em termos de Buenos Aires, descobri e aprendi muito sobre a história dos locais por que passamos. Há também o passeio da manhã que começa às 10h30 na frente do Teatro Colón. Apenas vá e me conte.

Aos pés do Aconcágua

Ainda no Brasil, comprei online (sites da Andesmar ou outras companhias) a passagem de ônibus de Buenos Aires para Mendoza, o qual sairia no sábado dia 29/04 e chegaria no dia seguinte à charmosa capital do vinho argentino. Nos posts abaixo descrevo com detalhes como funcionam tais ônibus, mas já ressalto que viajei com muito conforto, dormi tranquilamente, tive direito a jantar, café da manhã, coberta higienizada, TV e quase ganhei um vinho no bingo. Sim. Bingo. Espere pagar algo em torno de R$200,00, e existem outras opções de conforto, poltronas com mais espaço, suítes executivas (sim) que podem chegar até a uns R$ 300,00. Mas lembre-se de que você estará economizando uma diária de hotel. Então vai fundo. Existem aéreas low cost que fazem o trajeto, mas a cultura de ônibus na Argentina é muito enraizada, exigente, desenvolvida, séria e acessível. Pesquise.

O bom e honesto Abril e sua sacada

Uma vez em Mendoza, peguei um honesto táxi até o excelente hotel Abril Hotel Boutique, meu velho conhecido e minha casa mendocina pela segunda vez. Desta vez foi ainda melhor. O atendimento continua excelente, o café da manhã de razoável para bom e a localização impecável, estando próximo tanto da Plaza Independencia e da região de pedestres como a poucos minutos de caminhada da área da Avenida Aristides Villanueva que é onde você vai se jogar à noite.

Mendoza, Puente del Inca

Ressalto que sou um grande fã do site Booking.com. Já conheci quase 40 países e já utilizei o site em mais de 100 hoteis, com um serviço que considero útil, bem realizado e eficiente. Me enviaram este link prometendo uma grande vantagem: tanto o amigo (você) quanto eu (eu) ganhamos R$ 50 de desconto para cada reserva realizada aqui. Peço que se você se inspirar por este blog, tente utilizar este link. Vai que dá certo, né? https://www.booking.com/s/62a6c17c

Clos de Chacras, Mendoza

Continuando, mais abaixo, em posts anteriores, descrevo os vários passeios às várias vinícolas da região que visitei e conheci. As imperdíveis são Ruca Malém, Baquedano, Septima, Lagarde, Salentein. Desta vez, fui a somente uma: Clos de Chacras. Trata-se de uma bodega pequena, estilo boutique, que produz vinhos de altíssima qualidade e que conta com uma charmosa sede datada da década de 20. Almocei por ali, ganhei o passeio e tive uma tarde realmente muito agradável. O mais legal foi que o bairro fica bastante afastado do centro de Mendoza e consegui chegar ali por meio de transporte público, sem grandes gastos e conhecendo a cidade com estes olhos que a terra há de comer. Good!

Clos de Chacras

Além dos vinhos, Mendoza oferece inúmeros passeios na natureza que você poderá contratar com as agências que existem a cada esquina da cidade. Desta vez fiz um prosaico "Alta Montaña" que durou o dia inteiro, mas as opções são diversas. Pesquise e seja feliz.

Altísima Montaña!

As cervejarias Antares e Jerome continuam com suas bonitas sedes baladeiras na Aristides Villanueva, mas considero cervejas, hoje, de qualidade inferior. Não me frustrei, contudo, com o Believe, localizado na Avenida Colón, próximo ao meu hotel, um pub irlandês que conta com boa carta, um ambiente incrível, hambúrgueres e gente mais descolada. E rock. Para uma comida mais requintada e ambiente jazz, recomendo o Bute, na Plaza Independencia, onde tomei um vinho da casa impecável e barato, claro.

Montaña!

Insisto que você inclua Mendoza na sua viagem, especialmente se você for a Santiago (a viagem de ônibus dura de 4 a 5 horas por uma paisagem inacreditavelmente bela). Por Buenos Aires a distância é maior, mas, como demonstro aqui, fácil de encaixar, sem grandes sacrifícios, viajando de uma forma peculiar e agradável.

Essa foto é no Uruguai, mas o blog é meu rs

De Mendoza segui em ônibus para Santiago. Como minha narrativa é argentina, paro por aqui.



terça-feira, 30 de setembro de 2014

Buenos Aires e Mendoza, para os fortes



A intenção inicial deste blog foi, originalmente, narrar todos os detalhes da viagem que empreendi em janeiro de 2010, entre Buenos Aires e Mendoza. O caminho das pedras encontra-se registrado no post original, logo abaixo. Contudo, após três retornos à Argentina em 2013 e 2014, faz-se necessária uma atualização, importante para indicar outros passeios e atividades nas duas incríveis cidades.

Pôr-do-sol retumbante é rotina


Em janeiro de 2013, resolvi realizar nova viagem a Mendoza, solitário, com uma mochila nas costas e uma pancada de idéias na cabeça. O desígnio, desta vez, era atravessar Argentina e Chile, cruzando estes países numa jornada Atlântico/Pacífico.

Já em outubro de 2013, retornei ao templo sagrado dos vinhos sul-americanos, desta vez acompanhado e, em abril de 2014, num grupo de três pessoas, juntei Montevidéu, Colônia Del Sacramento, Punta Del Este e Buenos Aires no mesmo pacote. As informações abaixo, portanto, são mesclas destas três viagens, cada uma com suas peculiaridades, limitando-me à Argentina, objetivo deste blog.

Na Argentina vinícola, o clima é assim


Em janeiro de 2013, em Buenos Aires, priorizei a noite, e para tal decidi me hospedar em Palermo, a região mais boêmia, com boemia para todos os gostos. Instalei-me no honesto Palermo Soho (El Salvador 4735), incrustado no centro nervoso da área. Vale cada centavo, na minha opinião, caso sua índole boêmia esteja aflorada.

Em Palermo, recomendo o seguinte:
Cervejaria Temple Bar - Calle Costa Rica 4677 - excelentes cervejas artesanais. Belo jardim externo, boa música e um movimentado balcão tornam este bar uma ótima opção noturna.
Sheldon - Honduras 4969 - decoração incrível, ambiente descolado e bom atendimento, vale tanto para a noitada como só para o jantar.
Meridiano 58 - Jorge Luis Borges 1689, esq. c/ El Salvador – faça sua refeição no espetacular terraço, com vista privilegiada para a animação de Palermo. Comida de excelente qualidade e vinhos com preços honestos.
Pub irlandês Sullivans - El Salvador 4919 - não é a melhor pedida, pois costuma estar sempre cheio e com atendimento deficiente, mas está sempre ali, cheio de boas cervejas e acolhedor.

O Sheldon quebra um bom galho boêmio


Fora de Palermo, a opção mais confortável é o ótimo Apart San Diego (Rodriguez Peña 1158). Localização impecável, próxima ao cemitério da Recoleta, à Livraria El Ateneo da Calle Santa Fé, à “galeria do rock” porteña e a inúmeros restaurantes menos turísticos e mais acessíveis. Fui muito bem atendido e as instalações são novas, com mobiliário moderno.

A visita obrigatória de Buenos Aires, nas noitadas, fora de Palermo, continua sendo o magnífico bar Cruzat (Sarmiento 1617), localizado no conhecido Paseo La Plaza, na Avenida Corrientes. Lugar de cervejas artesanais, tem grande programação de shows e é meu bar preferido em Buenos Aires. Ainda recomendo a cervejaria Buller, em frente ao cemitério da Recoleta, apesar dos preços mais salgados. 

La buena naranja


Na viagem solitária, aluguei uma bicicleta por intermédio da Bicicleta Naranja. Não são as melhores, mais esportivas e mais confortáveis, mas têm personalidade. Passei um dia inteiro em bicicleta, por todo o centro histórico da cidade e por Palermo, incluindo a Casa Rosada, Santelmo, o Congresso, Recoleta, Jardim Botânico, os Bosques, e por aí vai. A cidade conta com ampla malha de ciclovia, e se esta é a sua praia, não hesite.

La naranja once again


Entre Buenos Aires e Mendoza, sempre viajarei de ônibus. As várias companhias disponíveis (Andesmar, Sendas etc.) oferecem várias opções em termos de conforto. Vale como uma diária de hotel. Compre sua passagem pela internet e saia por volta de 20h, em qualquer direção. Daí, chegue por volta de 9h e aproveite as poltronas reclináveis, as refeições incluídas e o bonito panorama mendocino. 

Estonteante


Pois bem. Em Mendoza, na viagem solitária, hospedei-me no Wine Aparts (Rioja 1738). Objeção: fica um pouco fora do centro, o que exige uma caminhada de uns 10 minutos até a Peatonal Sarmiento, a rua de pedestres, centro nervoso da cidade. Contudo, a cortesia que ali encontrei foi incrível, tanto da proprietária como das atendentes, o que lhes valeu um comentário muito favorável de minha parte no meu site preferido de viagens, o booking.com.

Na viagem a dois, ficamos no hotel Abril Boutique (Patricias Mendocinas 866). A construção é agradável. Os quartos são um pouco pequenos, mas a localização é ótima, entre a Praça Independência e a Avenida Colón, próximo à Peatonal Sarmiento e a uma infinidade de bons restaurantes das redondezas. 

La mejor argentina


Para as noites de Mendoza, recomendo os seguintes redutos boêmios:
Cerjevaria Jerome – Aristides Villanueva 347 – cervejas artesanais imperdíveis, das melhores que já tomei em toda minha vida. Possuem o segredo da água que vem do degelo dos Andes. O pub, em si, é bem instalado, tem boa música, e fica muito bem localizado. Ainda tem opção de bons petiscos. Meu lugar preferido em Mendoza.
Believe Irish Pub - Colon 241- boa carta de cervejas, clima alternativo, rock. Boas cervejas regionais valem a visita.
Cervejaria Antares – Aristides Villanueva 138 – trata-se de uma franquia com bares em várias partes, mas mantém uma boa qualidade em suas cervejas próprias. É uma balada certa na noite mendocina, especialmente se você tem mais de 30.

Agora é uma branca


Sozinho, aluguei uma bicicleta e fui vagando por várias e várias bodegas da região. O programa de aluguel de bicicletas e visita a vinícolas é muito comum em Mendoza, especialmente na microrregião de Maipu, e pode ser facilmente encontrado pela internet, oferecido por várias companhias. Recomendo o Mr. Hugo (http://mrhugobikes.com), extremamente atencioso, bem localizado para as incursões etílicas em duas rodas. 

A descolada Tempus Alba


É fato que conheci inúmeras bodegas em Mendoza de taxi, de carro alugado ou de bike. Aproveito o momento para uma rápida impressão sobre cada uma, o que poderá nortear suas decisões. Imagino que se você vai a Mendoza você gosta de vinho.  E se você gosta de vinho, vá às vinícolas:

Ruca Malén – a melhor que conheci. Vinícola direcionada mais à qualidade que à exportação ou ao comércio, é uma espécie de boutique ou art winery (entenda como quiser rs). Vinhos de qualidade excepcional. Experimente o Kinien Malbec. Almoço inesquecível. Localização próxima às montanhas (tenho amigos que almoçaram ali com neve caindo – eu não vi isso!!!). Vale cada centavo.

Luigi Bosca – possui um vinho excepcional, o Gala em todas as suas variações, e é uma bodega luxuosa e convencional. Vale uma visita para degustação.

Lagarde – Aqui fui muito bem recebido num ambiente rústico, campestre e com excelente almoço campeiro, sem gastar os tubos e com vinhos de boa qualidade. Gostei da visita e recomendo para os mais despojados.


O pátio da simpática Lagarde


Septima – ao lado da Ruca Malén, belíssima visão das montanhas. Um almoço requintado, uma tarde no belíssimo terraço, mas não achei os vinhos tão estimulantes. É uma bodega convencional e não possui tanto charme. Não foi das minhas preferidas, apesar da comida de excelente nível.

Catena Zapata – Visitação convencional. Não conheço quem tenha gostado daqui, apesar de possuir a reputação de fabricar os melhores vinhos da Argentina. Compre-os na loja ou tome no restaurante e visite outras bodegas.

Belasco de Baquedano – Possui a Sala dos Aromas, uma boa brincadeira que mostra que você não entende nada de vinho! Vale a ótima, sensata, breve e acolhedora visita. Foi ali que tomei o melhor vinho argentino que já provei, o Swinto. Assim, peço que você encontre um tempinho para ir ali.

A organizadíssima Trapiche


Norton – É uma visita para iniciantes. A Norton é bastante comercial e agressiva, e seus vinhos são competentes. Se for um neófito, vale a visita, pois o local é bonito; se for experiente, gaste suas energias (e grana) em outra parada.

Trapiche – está na região de Maipu, onde se encontram as locadoras de bicicleta. É o mesmo caso da Norton, mas um pouco mais amigável. Recomendo a visita.

Tempus Alba – Também em Maipu, é a minha preferida da região. Você chega de bicicleta e há um enorme bicicletário, e vários ciclistas estão ali, presentes, fazendo suas degustações ligeiras. É possível degustar vários vinhos de qualidade razoável em pequenas taças, e há lanches bons para o bolso. Ademais, o terraço é belíssimo. Vá, e de bicicleta. Na volta sai um pouco cambaleante, mas não cassaram minha carteira de ciclista.

A rústica Di Tommaso


Di Tommaso – pequena, rústica e simpática, vinhos razoáveis e almoço de gente grande. Atrai o público ciclista e despojado, como a anterior.

Carinae – Almocei no meio da tarde, com a bodega vazia. Provei uma garrafa de ótima qualidade. Não conheci as instalações para a visitação.

Atamisque – no Valle de Uco, vinícola pequena, com pouca estrutura. A degustação foi simpática, bastante atenciosa.

Um almoço para gente graúda


Salentein – A visão das montanhas do Cordón Del Plata é impressionante. A construção, um enclave de modernidade no meio do nada, igualmente. São excelentes vinhos, embalados por um grande restaurante. Passeio obrigatório.

Daí você chega no Tupungato


Nesta região do Valle de Uco, recomendo a hospedagem Tupungato Divino (Ruta 89 y calle los europeos 5561). Alugue um carro, instale-se em um chalé e veja o tempo passar devagar ao lado das videiras, das vinícolas e das montanhas nevadas. Lembre-se que com o restaurante que existe ali você não precisará (mesmo) sair à noite. É um destino acessível e, ao mesmo tempo, de extremo bom gosto e conforto, longe da cidade.

Oi



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Buenos Aires e Mendoza em 9 dias

A preparação para a viagem à Argentina (janeiro de 2010) começou um mês antes do evento. A idéia era realizar uma viagem de dez dias que incluiria Buenos Aires e Mendoza. As datas estipuladas foram de 12-01-2010 a 21-01-2010. Fiz a programação da seguinte forma: Buenos Aires de 12-01 a 14-01 e ônibus noturno para Mendoza, de 15-01 a 18-01. Retorno a Buenos Aires pela mesma via rodoviária e últimos dias da viagem (19-01 a 21-01).

Em Buenos Aires a ideia era conhecer as atrações principais, fugindo de armadilhas para turistas. Contudo, como eu ainda não conhecia a cidade, não poderia fugir de Recoleta, Puerto Madero, Parque de Palermo etc., sem contar as noitadas. Em Mendoza, a idéia era conhecer tantas vinícolas quanto possível, assim como fazer uma visitinha ao Aconcágua.


Daqui do Brasil, eu deveria fazer as reservas para os hotéis, as reservas para as vinícolas em Mendoza, a reserva de um carro alugado em Mendoza e comprar as passagens de ônibus entre as duas cidades.

Encontrei opções de hotéis que se mostraram muito boas para minhas necessidades. Para a primeira parte da viagem em Buenos Aires (2 dias), reservei o Gran Hotel Argentino, no centro, próximo ao Obelisco. Em Mendoza, reservei o Hotel Cordón del Plata . Para a terceira parte da viagem (Buenos Aires, 2 últimos dias), decidi arriscar um pouco e deixar para resolver a parada por lá mesmo. É fato que se gasta mais, no Brasil, em pousadas no interior do que com hotéis em Buenos Aires.

Agendei visitas em duas vinícolas em Mendoza: A Ruca Malén e a Catena Zapata. A primeira por ter ótimas indicações; a segunda pela tradição dos vinhos que produz. Fiz tudo por email e o agendamento prévio é necessário dada a alta procura pelos passeios. Decidi que, caso houvesse mais tempo, tentaria outras vinícolas por lá mesmo. Reservei um carro simples por dois dias em Mendoza na Hertz. A opção foi acertada como se verá mais adiante.

Por fim, procurei as opções de ônibus noturnos entre Buenos Aires e Mendoza. A Andesmar é empresa tradicional e extremamente confiável. Contudo, deparei-me com o site da Sendas e achei um serviço que, além de um pouco mais barato, apresentava um pouco mais de conforto e exclusividade nos ônibus com as opções Salón Real e Salón Suíte (poltronas gigantes, inclinação 180 graus, cortinas etc.). Contudo, a Sendas não faz vendas pela internet. Anotei os endereços e decidi comprar as passagens em Buenos Aires.

Para complementar a programação da viagem, vale a visita nos seguintes sites: oficial de Buenos Aires, e http://www.mendoza.travel/, guia completíssimo com passeios, mapas etc.



Saí de Goiânia no dia 12 de manhã e no começo da tarde já estava em Buenos Aires. É bom utilizar somente táxis ou remis oficiais, presentes em quiosques logo à saída do desembarque. Os taxistas da cidade, de forma geral, são atenciosos, gentis e honestos, mas vale a pena evitar riscos. A viagem entre o aeroporto e a cidade é longa e taxistas não oficiais para este trajeto podem te passar a perna. Uma vez, em Buenos Aires, paguei uma viagem a um taxista com duas notas de 20 pesos. Percebi que ele, rapidamente, trocou uma das notas e pediu que eu a substituísse. Detalhe: a nota estava rasgada. Respondi que a nota não era minha e que não faria a troca. Ele assentiu e simplesmente me deu o troco. É bom sempre ficar de olho, mas no geral é tudo bem tranquilo.

Cheguei ao Gran Hotel Argentino. Percebi que a localização era mesmo ótima como esperado: quase ao lado do Obelisco na 9 de julho, no mesmo quarteirão do Café Tortoni, a poucos metros da Casa Rosada, da Calle Florida e a uma pequena caminhada de Puerto Madero. A entrada do hotel é tímida, pequena, e os elevadores são minúsculos. O apartamento, ao contrário, mostrou-se espaçoso, limpo, farto em armários, mas sem frigobar. O banheiro tinha uma banheira e um ótimo chuveiro. Boa impressão.

Fui providenciar imediatamente as passagens para Mendoza, uma vez que viajaria dali a dois dias. Caminhei até o Hotel Sarmiento onde havia um posto da Sendas. Não havia passagens para a data que queria. Muito afortunadamente, havia um posto de vendas de passagens em geral na frente do hotel. Ali, então, comprei as passagens de ida pela Andesmar e de volta pela Sendas. A estrutura era um pouco mambembe, quase uma volta ao anos 70, mas o serviço de vendas foi bem realizado e não tive qualquer problema. O detalhe é que o ônibus da Sendas, na volta de Mendoza, pararia no hotel Sarmiento antes de chegar na estação de Retiro. Analisei o hotel e percebi que a última indefinição da viagem estava resolvida: fize ali mesmo nossa reserva para os últimos dias em Buenos Aires. Este hotel foi um pouco mais caro, mas também um pouco melhor.

Caminhando de volta ao hotel, sem pressa, deparei-me com o Paseo la Plaza, uma galeria escondida entre a Corrientes e a Sarmiento, cheia de teatros, bares, restaurantes e lojas, enfim, um local bem supimpa. Parei no Star Club, um bar cheio de cervejas, comidas e uma decoração baseada nos Beatles. É um local bastante moderno e bem frequentado, para um público próximo dos 30.


No dia seguinte, parti para a Casa Rosada que, como todos sabemos, não é um passeio assim tão interessante. Caminhei sem pressa pela região e cheguei a Puerto Madero, retornando pela Calle Florida. Depois, Galerias Pacífico e Praça San Martin, um agradabilíssimo e charmoso local próprio para se jogar bola com as crianças, passear com o cachorro e se deparar com a estátua de San Martin, este homem onipresente na Argentina. A noite foi finalizada num dos melhores bares do mundo, na minha humilde opinião: o Cruzat, no mesmo Paseo la Plaza. São mais de 150 tipos de cervejas do mundo inteiro. As comerciais (ambevianas, stellianas, heinekianas, budweiserianas etc.) são tratadas com desdém ali. Quem se interessa por cervejas de boa qualidade tem ali sua Meca. Digamos que era o meu caso. Restringi-me às artesanais obscuras argentinas tais como Gulmen, Heberling, Valhalla, Montecristo. Um must em Buenos Aires.

Já na quinta, fui até o Parque de Palermo, o Jardim Japonês e o Cemitério da Recoleta. Minhas impressões: o parque é bonito sem ser passeio obrigatório, idem o Jardim Japonês e o Cemitério não me impressionou. Almocei na frente do cemitério (veja bem: a área na frente do Cemitério da Recoleta é uma das mais agitadas, frenéticas e turísticas da cidade) e voltei ao hotel para a preparação para a longa jornada rumo aos Andes.

Peguei o ônibus da Andesmar às 20h30. O ônibus tinha dois andares (double decker) e escolhi a classe executiva com direito a poltrona que reclina 165 graus, jantar e café da manhã, filme (passou Os Penetras, ou, em espanhol, Los Rompebodas), travesseiro, manta, tudo bem bacana e confortável. Fica-se no segundo andar e dorme-se a viagem quase toda. A volta de Mendoza, pelo ônibus da Sendas, num ônibus mais antigo, teve um serviço um pouco mais atencioso. A comida da Andesmar era um pouco melhor. Assim, quanto à qualidade do serviço devo dizer que, na verdade, tanto faz. Viagens rodoviárias na Argentina são bastante confortáveis.

A chegada em Mendoza foi menos impactante do que eu imaginava. Vê-se as montanhas ao longe, mas não havia quase neve nenhuma. Verão é verão em Mendoza. Ar muito seco, sol escaldante. As pessoas cumprem a tradição da siesta. Nada funciona entre 13h e 16h, só os restaurantes e olhe lá. As lojas, em compensação, ficam abertas até as 20h, 21h. É uma cidade curiosa, porém limpa e segura. Há um sistema de microcanais, rentes às calçadas, que canalizam água proveniente do degelo dos Andes, o que ajuda a, em tese, refrescar a cidade. Notável.

O Hotel Cordón del Plata era melhor que o primeiro de Buenos Aires. Quartos muito limpos, mobília moderna e um banheiro impecável, com banheira e revestimentos novos. Contudo, claro, sem frigobar. O café da manhã, contudo, sem grandes emoções. Daí, uma caminhada pela Peatonal Sarmiento (outro cara onipresente na Argentina), artéria nervosa da cidade, almoço e siesta. À tarde, o belíssimo Parque San Martin. Trata-se de um parque gigantesco, muito bem cuidado, com incontáveis espécies vegetais e um belíssimo lago com os Andes ao fundo. Passeio obrigatório para um final de tarde ou começo de manhã. Vale andar por ali sem pressa.

Sábado era o dia de buscar o carro alugado. Havia visita agendada na bodega Ruca Malén às 11h. Cheguei ao meio-dia. Colaborou para o atraso o fato de ter mapas muito ruins e de absolutamente desconhecer a cidade e as distâncias. Também não havia gps. Erro. As vinícolas ficam fora da cidade, em zona rural. Portanto, a antecedência é imperativa. Contudo, apesar dos percalços, chegauei à bodega e tive um dos melhores almoços de minha calejada vida. A Ruca Malén é uma vinícola que se dedica a vinhos bem delicados, não tão voltados ao comércio, e é adorada por alguns especialistas. A visita às dependências da bodega foi rápida: a grande atração era o almoço. Comi como um rei, em meio às plantações de uvas, com vista para os Andes e muito requinte. 150 pesos por pessoa custou o banquete, com direito à degustação de cinco belíssimos vinhos, dentre os quais destaco o Kinien Malbec 2007, absolutamente sensacional, e o Yauquén Cabernet 2007, custo-benefício imensurável.

Finalizado o rega-bofe, ali pelas 15h, era hora de procurar alguma das 1.200 adegas da região para nova visita. Veio a Norton, próxima, e havia possibilidade de visita. Como era sábado à tarde e não havia outras cartas na manga, ali fiquei. A Norton é uma das maiores vinícolas da Argentina, muito conhecida no Brasil, mas profundamente comercial. A visita foi apenas razoável, com direto à degustação de alguns vinhos. Não acho que vale a pena perder tempo na Norton. Se você está em Mendoza, escolha o que houver de melhor. 

Ao final do dia, Vi o sol se por no Cerro de la Gloria, com uma belíssima vista das montanhas e da cidade. Vá de carro ou táxi. A subida é ingrata. À noite, Cervejaria Antares, local badalado, próprio para a noitada de Mendoza. E a cerveja é boa também. Há filiais em várias cidades da Argentina, inclusive em Buenos Aires (Palermo). Vale pedir a degustação de 8 tipos diferentes de cerveja, em copos pequenos.

No dia seguinte, domingo, viagem até o Aconcágua. De carro, saia de Mendoza pela rodovia principal e siga a estrada que leva ao Chile. Há muitas opções de ônibus também. As estradas são muito boas e há várias indicações. O único perigo é se deixar distrair pelas paisagens indescritíveis ao longo do caminho. Mas não há grandes precipícios como se poderia prever. A estrada entre Mendoza e a fronteira com o Chile é bastante segura e os motoristas não cometem loucuras, respeitam fervorosamente a montanha.

A primeira parada foi Potrerillos, localidade que hospeda um belíssimo lago, de um azul profundo, fruto do represamento do Rio Mendoza. Subi uma estrada vicinal até El Salto e almocei no restaurante Tomillo. Trata-se de um restaurante muito exclusivo e muito especial. Comi uma cazuela de hongos, especialidade da casa, bastante exótica, e conversei longamente com a dona, uma bonairense que se cansou da vida caótica da cidade e decidiu viver ao pé da montanha. Dali, segui uns poucos metros e conheci a fábrica da Cerveja Jerome, já citada. Ali, adquiri alguns espécimes bastante valiosos. Destaque para a Negra, uma Stout muito forte que lembra frutas secas, figo e cola. Segui em direção à montanha e conheci as localidades de Los Penitentes, sede de albergues e pistas de esqui, e Puente del Inca, um amontoado de índios artesãos ao redor de um acidente natural bastante peculiar, no sopé do Aconcágua. Infelizmente, não vi a montanha pois havia névoa e o clima na altitude não costuma ser dos mais previsíveis. O road movie trouxe, como recompensa, a visão de montanhas agressivas que mudam de cor de acordo com a hora do dia; paisagens desérticas de beleza magnífica; rios caudalosos em vales espaçosos; pequenas surpresas a cada curva e a cada parada. Na volta, comi empanadas em Uspallata e enfrentei um pequeno congestionamento de veranistas retornando para Mendoza no domingo à noite. O restante das forças foi utilizado para um jantar. Daí, cama.

Decidi devolver o carro e ir para a bodega Catena Zapata de táxi, o que foi uma escolha ruim porque a vinícola é distante e o taxista não soube chegar sem perguntar a direção a inúmeros transeuntes. Não foi fácil chegar lá. Só vá à Catena se você for muito aficionado por vinhos, uma vez que ali são produzidas algumas das garrafas mais preciosas da Argentina. A construção tem inspiração maia e é belíssima, tanto no exterior como no interior. Contudo, garanto que há várias outras bodegas mais interessantes, mais próximas da cidade e muito mais acolhedoras. E com ótimos vinhos, também. Na volta a Buenos Aires, o serviço da Sendas foi tão bom quanto o da Andesmar e saltei do ônibus na porta do valoroso Hotel Sarmiento, localizado a umas cinco quadras do Obelisco. Foi o melhor hotel da viagem, com serviço altamente profissional e café da manhã superior. Recomendo.

A tarde de terça seria dedicada a um passeio pelas ruas do Bairro da Recoleta. A pé. Escolha acertada, uma vez que o passeio foi agradável e nada cansativo. Em Buenos Aires, apesar da inevitabilidade do táxi pelo fato de ser uma metrópole, a caminhada é a melhor forma de sentir a atmosfera da cidade. De volta ao hotel, banho tomado, noite de música no Clasica y Moderna. Encontrado ao acaso na caminhada diurna, trata-se de uma livraria que funciona como restaurante e casa de cultura, com frequência de senhores de terno a alternativos barbudos. Mostrou-se ótima opção pré-noitada num ambiente cheio de quadros, livros e vinho bom e acessível. Saindo dali, havia tempo para uma visita à balada da Recoleta. As noites de terça em janeiro não são as mais frenéticas de Buenos Aires, mas o Buller, com seu ótimo chopp (stouts, lagers, ales) fabricado no próprio bar, foi surpreendente e acolhedor. Altamente recomendável e cheio de turistas e portenhos jovens e curiosos.

Quarta foi dedicada ao Bairro de Palermo e seu clima moderninho. Trajeto perfeito: descida do metrô na Estação Plaza Itália, subida pela Calle J. L. Borges até a Plazoleta Cortázar, ponto central de Palermo Viejo. Daí, Calle Honduras, a principal do pedaço, Armenia e Plaza Palermo Viejo, cheia de cafés e bastante movimentada. Depois, Plazoleta Cortazar e almoço. Retorno ao hotel e despedida no bar Cruzat, entremeados por espetaculares e surpreendentes cervejas argentinas artesanais, com grande destaque para a Gulmen trigo e a Heberling stout.

Na quinta de manhã, momento do retorno. Não vá para o aeroporto com táxi comum. Chame o táxi especial, garantia de preço combinado e chegada segura.